A Comissão de Corporações do Arizona liberou, na quarta-feira, o contrato de energia entre uma empresa desenvolvedora e a Tucson Electric Power (TEP), fechando a votação final antes do gigantesco datacenter programado para o condado de Pima iniciar suas operações. O resultado foi apertado: quatro comissários votaram a favor e um contra, mas após uma sessão extenuante de nove horas, marcada por intenso debate e manifestação pública contrária.
Votação polêmica com ampla oposição pública
A sessão na capital do estado foi marcada por tensão. Ativistas da coligação No Desert Data Center viajaram de Tucson a Phoenix vestindo camisetas vermelhas para se opor ao empreendimento. Durante o período de comentários públicos, a maioria dos participantes contestou a aprovação do acordo, evidenciando a divisão entre autoridades e cidadãos sobre o futuro energético e ambiental da região.
“Tucson disse não, dissemos não repetidas vezes. Precisamos ver funcionários eleitos agindo conforme prometem apoiar seus constituintes”, afirmou Kathleen Dreier, fotógrafa e membro da coligação de oposição.
A única comissária que votou contra, Rachel Walden, justificou sua posição expressando preocupações sobre as implicações futuras do contrato. Ela questionou se o acordo estabelecia os melhores termos comparativamente a contratos em outros estados, destacando a necessidade de proteger consumidores locais de impactos financeiros e de confiabilidade.
Detalhes do contrato e argumentos favoráveis
Os comissários que apoiaram o acordo argumentaram que a aprovação garantiria as melhores condições para consumidores habituais de energia elétrica. Conforme explicaram, sem o contrato, o datacenter entraria na rede mesmo assim, porém sob uma tarifa para usuários pesados, sem as proteções e beneficiamentos negociados.
“Não cabe a nós decidir o que eles constroem; Beale pode construir o que quiser. Negociamos como fornecemos energia para eles”, comentou o comissário René Lopez.
O contrato aprovado, firmado com a empresa Humphrey’s Peak Power LLC, prevê que a TEP iniciará o fornecimento em 2027, alcançando 286 megawatts de capacidade até 2028. A petição argumenta que o acordo está alinhado com o interesse público, protegendo outros usuários locais de impactos econômicos ou de confiabilidade no sistema.
Preocupações regulatórias e questões levantadas
Durante as discussões, os comissários identificaram vários pontos críticos. O contrato é um acordo de dez anos com requisitos mensais mínimos de faturamento, permitindo cancelamento apenas com notificação de múltiplos anos e pagamento de multa. Walden ressaltou que contratos similares em outros estados normalmente duravam entre 14 e 17 anos, com custos integrais cobrados em caso de rescisão prematura.
Outra questão relevante foi a ausência de cláusulas obrigando o datacenter a reduzir consumo durante emergências energéticas. A comissária Lea Márquez Peterson questionou essa lacuna, mas representantes da TEP confirmaram que, embora tivessem capacidade técnica de gerenciar demanda, essa disposição não foi incluída no contrato final.
Houve ainda discussão sobre incertezas envolvendo o locatário final do datacenter, especialmente após reportagens indicarem que a Amazon poderia ter desistido do acordo. Sam Arons, vice-presidente de energia e sustentabilidade da Beale, tranquilizou os comissários: “Estamos confiantes de que teremos um cliente pronto quando o datacenter entrar em operação. A energia não será necessária até 2027, e estamos tomando as medidas adequadas para trazer o cliente”.
Contexto mais amplo e demandas futuras
A aprovação do Projeto Blue ocorre simultaneamente a outro pedido da TEP para elevar as contas residenciais em média de 14%. A Procuradora-Geral do Estado, Kris Mayes, caracterizou o aumento como “ganância corporativa descarada” e sinalizou intenção de contestá-lo formalmente.
Paralelamente, organizadores em Tucson continuam uma campanha para pressionar o conselho municipal em direção a uma empresa pública de eletricidade, que poderia remover a TEP de suas operações na região.
Reações e próximos passos
A coligação No Desert Data Center condenou a decisão dos comissários, acusando-os de falhar na proteção dos consumidores diante das incertezas em torno do futuro do Projeto Blue. Em comunicado, a organização alertou que “essa decisão permite que corporações estrangeiras explorem e extraiam lucro das pessoas, mantendo o Projeto Blue em suporte vital”.
A coligação também convocou supervisores do condado de Pima que apoiaram o projeto a reconsiderar o fechamento da venda de terra, previsto para 25 de dezembro — a data limite permitida pelo contrato — considerando as preocupações crescentes sobre a viabilidade econômica do empreendimento.
Artigo elaborado de forma original, com base em informações de agências de notícias e veículos especializados, sem reprodução literal do conteúdo das matérias consultadas.
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Data original da publicação: 03/12/2025
