Arizona aprova fornecimento de energia para Project Blue, mas Amazon abandona megaprojeto de data center

Em uma decisão que divide opiniões no sul do Arizona, reguladores estaduais autorizaram a Tucson Electric Power (TEP) a fornecer energia para o controverso projeto de data center Project Blue, que será construído em terras do condado de Pima. No entanto, a aprovação ocorre em um momento de incerteza: a Amazon Web Services, que inicialmente estava vinculada ao empreendimento, confirmou que não operará as instalações, e o desenvolvedor Beale Infrastructure corre contra o tempo para encontrar um novo cliente antes do início das obras, previsto para janeiro.

Acordo energético aprovado apesar das controversias

A Comissão de Corporações do Arizona aprovou, por 4 votos a 1, um contrato que permite à TEP fornecer 300 megawatts (MW) de eletricidade para a primeira fase do Project Blue, localizado próximo ao Pima County Fairgrounds, ao sul de Tucson. O acordo também prevê a possibilidade de a utilitária disponibilizar até 350 MW caso consiga adquirir energia adicional e obtenha nova aprovação regulatória.

A quantidade de energia envolvida é significativa: 300 MW são suficientes para abastecer dezenas de milhares de residências, tornando o empreendimento o maior cliente da história da TEP. O projeto, que deve começar a consumir eletricidade em maio de 2027, pode chegar a demandar até 600 MW quando todas as fases estiverem concluídas.

“Este acordo representa o padrão ouro para contratos com data centers. Protegerá nossos outros clientes de qualquer impacto negativo nas tarifas, na confiabilidade e na disponibilidade de recursos.”

Erik Bakken, representante da Tucson Electric Power

Amazon deixa o projeto e Meta é cogitada como substituta

Embora documentos públicos iniciais vinculassem o Project Blue à Amazon Web Services, a gigante do comércio eletrônico e serviços em nuvem confirmou por meio de sua representante Virginia Milazzo que o campus não está mais sendo considerado para suas operações de computação em nuvem.

Sem um cliente confirmado, o futuro do empreendimento depende da capacidade do desenvolvedor Beale Infrastructure de encontrar rapidamente uma empresa disposta a assumir as operações. Rumores apontam que a Meta Inc., controladora do Facebook, teria sido abordada, mas a informação não foi confirmada oficialmente por nenhuma das partes.

Apesar da incerteza, o desenvolvedor mantém o otimismo. Em reunião com reguladores, Sam Arons, representante da Beale Infrastructure, expressou confiança de que conseguirá um cliente a tempo.

“Estamos otimistas de que estamos desenvolvendo algo que atrairá clientes.”

Sam Arons, Beale Infrastructure

Mary Davis, porta-voz da Beale, reiterou que a empresa mantém o objetivo de iniciar a construção em janeiro, mesmo sem um operador confirmado.

Oposição comunitária e preocupações ambientais

A aprovação ocorreu apesar de forte resistência de moradores e ativistas. Aproximadamente duas dúzias de opositores compareceram à votação, enquanto dezenas acompanharam online, expressando preocupações sobre consumo excessivo de energia e água, além do possível impacto nas contas de luz da população.

“Tucson disse ‘não.’ Nós repetidamente dissemos ‘não.’ Imploramos que vocês ouçam nossas preocupações.”

Dreier, membro da coalizão No Desert Data Center Coalition

Inicialmente, o projeto previa usar 1.910 acre-pés de água municipal por ano, equivalente a 622 milhões de litros ou 6% do suprimento local. Depois que a cidade de Tucson rejeitou a anexação do terreno, a Beale Infrastructure anunciou uma mudança para um sistema de resfriamento fechado e pressurizado, que consome significativamente menos água.

O novo sistema depende principalmente de eletricidade, embora não elimine completamente a necessidade de água para geração de energia, sistemas de combate a incêndios e uso sanitário. A empresa afirmou que o consumo será “comparável a qualquer outro desenvolvimento”, mas não detalhou quanta água será necessária ou de onde virá.

Impacto econômico e contratos de longo prazo

Um estudo encomendado pela Câmara do Comércio do Arizona, que endossa o projeto, projetou a criação de 180 novos empregos permanentes com salário médio anual de US$ 64 mil, além de milhares de empregos temporários durante a construção e milhões em receita tributária.

Para responder às críticas, a Beale Infrastructure anunciou um fundo de US$ 5 milhões em bolsas para educação em STEM no condado de Pima, com promessa de outros US$ 10 milhões em fases futuras.

O contrato aprovado estabelece uma parceria de dez anos com tarifas mínimas mensais, obrigando os operadores a pagar por uma quantidade específica de energia independentemente do consumo real. A rescisão exige aviso prévio de três anos e pagamento de multas variáveis.

A TEP garantiu que atenderá à demanda inicial usando uma combinação de recursos existentes e infraestrutura em desenvolvimento, sem impactar outros consumidores. Contudo, comissários como Rachelen Marquez-Peterson e Anna Tovar expressaram preocupação sobre a proteção dos usuários da rede, questionando se o contrato era “menos favorável” comparado a acordos similares em outros estados.

Com a venda do terreno de 290 acres aprovada pelo condado por quase US$ 21 milhões e a obtenção das licenças energéticas, o Project Blue avança mesmo sem anexação à cidade e sem cliente confirmado. O próximo passo será a obtenção de licenças ambientais e de construção, além de um possível acordo vinculante com o condado sobre cumprimento de promessas de sustentabilidade e desenvolvimento da força de trabalho.


Texto elaborado de forma original, com base em informações de agências de notícias e veículos especializados, sem reprodução literal do conteúdo das matérias citadas.

Fonte: https://www.azcentral.com/story/money/business/energy/2025/12/04/arizona-project-blue-approved-amazon/87567111007/

Data original da publicação: 04/12/2025

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