Angola inaugura maior parque fotovoltaico autônomo da África Subsaariana

Angola colocou em operação, em Cazombo, na recém-criada província do Moxico Leste, o maior parque fotovoltaico autônomo da África Subsaariana, capaz de fornecer eletricidade 24 horas por dia a uma comunidade até então isolada da rede nacional. A usina solar, construída pela portuguesa MCA, marca a inauguração da primeira central totalmente renovável do país e simboliza um avanço na estratégia de levar energia limpa a regiões remotas.

Energia limpa em região isolada

Localizado a mais de 1.500 quilômetros de Luanda, às margens do rio Zambeze e próximo da fronteira com a Zâmbia, Cazombo só é acessível por estradas em grande parte não pavimentadas, numa viagem que pode ultrapassar um dia inteiro de deslocamento. Nesse contexto, o parque fotovoltaico foi dimensionado para operar de forma totalmente off-grid, com cerca de 40 mil painéis solares e potência instalada em torno de 25 megawatts, sustentada por um sistema de baterias capaz de armazenar aproximadamente 75 megawatts-hora de energia. A infraestrutura assegurará fornecimento contínuo para cerca de 136 mil habitantes, número que representa a primeira vez em que muitos domicílios da região terão acesso regular e estável à eletricidade. O empreendimento incorpora tecnologias de arranque automático, como a função Blackstart, que permite religar o sistema sem apoio da rede em caso de falhas, reforçando a segurança do abastecimento.

Plano de eletrificação rural e impactos socioambientais

O projeto de Cazombo é o primeiro entregue dentro de um programa mais amplo de eletrificação rural do governo angolano, que prevê beneficiar cerca de um milhão de pessoas em 60 localidades por meio de mini-redes solares distribuídas por províncias como Bié, Malanje, Lunda Norte, Lunda Sul, Moxico e Moxico Leste. Ao todo, esse pacote deverá instalar aproximadamente 256 megawatts-pico de geração fotovoltaica, 595 megawatts-hora em baterias e mais de 200 mil ligações domiciliares, com investimento que supera 1 bilhão de dólares, segundo o Ministério da Energia e Águas. No caso específico de Cazombo, já foram implantadas cerca de 12 mil das 16 mil ligações projetadas, com aproximadamente 3 mil unidades consumidoras já recebendo energia da nova central. Além de ampliar o acesso à energia, o parque deve gerar impactos ambientais e econômicos relevantes, com estimativa de redução de cerca de 37 mil toneladas de dióxido de carbono por ano e economia anual próxima de 10 milhões de litros de combustível fóssil, que antes precisaria ser transportado por longas distâncias até a região. A obra criou mais de 300 postos de trabalho durante a construção e é vista pelo governo provincial como uma oportunidade para dinamizar a agricultura, atrair indústrias e estimular investimentos privados em uma província que reúne cerca de 411 mil habitantes em um território de aproximadamente 72 mil quilômetros quadrados. Em paralelo, a MCA participa de um projeto de captação e tratamento de água a partir do rio Zambeze, que deverá abastecer Cazombo e outras localidades até 2027, integrando um programa nacional de melhoria do acesso à água em 49 localidades de cinco províncias, com investimento estimado em 870 milhões de euros.


Texto elaborado de forma original, com base em informações de agências de notícias e veículos especializados, sem reprodução literal do conteúdo das matérias citadas.

Fonte:

Data original da publicação: 03/12/2025

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *