Zâmbia deu início oficialmente à ambiciosa reconstrução da linha férrea da Tanzania–Zambia Railway Authority (TAZARA), um investimento de US$ 1,4 bilhão que promete revitalizar um dos maiores corredores de transporte da África Austral. A cerimônia de lançamento, realizada em Lusaka, contou com a presença do premier chinês Li Qiang – a primeira visita de um líder daquele país ao território zambiano em quase três décadas –, além das autoridades da Tanzânia, selando um acordo estratégico que reposiciona a China como protagonista no desenvolvimento infraestrustural do continente.
Visita histórica do premier chinês marca início das obras
O presidente zambiano Hakainde Hichilema conduziu o ato simbólico de inauguração dos trabalhos ao lado do premier Li Qiang e do vice-presidente da Tanzânia, Emmanuel Nchimbi. O encontro diplomático reforça o compromisso assumido em setembro do ano passado, quando os três países firmaram um pacto trilateral para modernizar a ferrovia histórica, originalmente construída nos anos 1970 com financiamento da China maoísta. A presença de Li Qiang sinaliza o interesse de Pequim em expandir sua influência por meio de projetos de grande vulto que integram economias regionais.
Projeto TAZARA: revitalizando uma obra monumental
Com 1.860 quilômetros de extensão, a linha TAZARA enfrenta décadas de deterioração que reduziram sua capacidade operacional a uma fração do planejado inicial. O programa de reconstrução prevê a substituição completa dos trilhos, implantação de sistemas modernos de sinalização e recuperação da infraestrutura para suportar volumes massivos de carga. O premier chinês enfatizou o simbolismo da empreitada ao declarar que a ferrovia é um “signature project” da cooperação China–África, comprometendo-se a trabalhar em conjunto com as nações africanas para “injetar nova força” no legado da TAZARA e ampliar sua participação no desenvolvimento econômico regional.
“A ferrovia TAZARA é um projeto emblemático da cooperação China–África. Estamos comprometidos em trabalhar com ambas as nações para injetar nova força nesta ferrovia e expandir seu papel no desenvolvimento econômico regional.”
Li Qiang, premier da República Popular da China
Impacto econômico e descongestionamento de fronteiras
Após a conclusão das obras, o corredor ferroviário desafogará os postos fronteiriços, onde a maior parte da carga hoje depende de rodovias sobrecarregadas e lentas. A revitalização da TAZARA também fortalecerá as exportações de cobre da Zâmbia e da República Democrática do Congo, dois dos principais produtores mundiais do mineral. A expectativa é que o transporte ferroviário ofereça uma alternativa mais eficiente e econômica ao modal rodoviário, reduzindo custos logísticos e aumentando a competitividade das commodities africanas no mercado internacional.
Competição estratégica entre corredores de exportação
A modernização da TAZARA intensifica a disputa geopolítica por corredores de exportação na região. O empreendimento chinês concorrerá diretamente com o Corredor Lobito, apoiado por Estados Unidos e União Europeia, que conecta a mesma área rica em minerais a um porto no Atlântico. Enquanto isso, nações do Leste Africano avançam simultaneamente com planos conjuntos para uma Ferrovia de Bitola Padrão (Standard Gauge Railway) regional, visando desbloquear o comércio transfronteiriço e a integração industrial. A corrida por infraestrutura revela a crescente importância estratégica da África no cenário econômico global.
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Data original da publicação: 05/12/2025
