O Distrito de Proteção da Costa do Golfo avançou significativamente em um dos maiores projetos de proteção costeira do país. Duas renomadas empresas de engenharia global foram contratadas para desenhar as comportas do “Ike Dike” e restaurar as dunas nas proximidades de Galveston Bay, no Texas. Trata-se de um passo concreto em direção à concretização de uma visão que remonta a 2008, quando o Furacão Ike devastou a região.
A história por trás do projeto
Quando o Furacão Ike atingiu a Península de Bolivar em 2008, deixou um rastro de destruição impressionante. A água das marés de tempestade, estimada entre 15 e 20 metros de altura, arrasou casas inteiras e deixou comunidades vulneráveis. Foi dessa tragédia que nasceu a ideia revolucionária: um professor da Universidade Texas A&M imaginou um sistema de proteção barrier para salvaguardar a Península de Bolivar e a Ilha de Galveston de futuras catástrofes naturais.
Desde então, o Corpo de Engenheiros do Exército dos EUA e a Secretaria Geral de Terras do Texas dedicaram anos estudando a viabilidade do projeto, formalmente conhecido como Projeto de Proteção Costeira do Texas. A proposta evoluiu para um sistema sofisticado de comportas de diversos tipos espalhadas sobre as águas, que permaneceriam abertas permitindo a circulação de embarcações pelo Canal de Navegação de Houston e se fecharia apenas quando um furacão ou tempestade severa se aproximasse.
Os gigantes da engenharia assumem o projeto
A Jacobsa foi selecionada para conduzir o desenho das comportas, enquanto a HDR ficará responsável pelo projeto das dunas e restauração das praias adjacentes. Embora o valor específico para essa fase inicial de design ainda não tenha sido definido, o trabalho será executado através de ordens de tarefas específicas que serão estabelecidas posteriormente, conforme informou um porta-voz do Distrito de Proteção da Costa do Golfo.
Essa contratação marca um ponto de virada importante no processo, transformando conceitos teóricos em projetos de engenharia tangíveis e viáveis. A especialização técnica dessas duas empresas é fundamental para garantir que cada componente do sistema funcione de forma coordenada e eficiente.
O desafio financeiro que não se dissipa
O custo monumental permanece como o principal obstáculo para a implementação completa do projeto. O Texas já alocou $950 milhões para o Distrito de Proteção da Costa do Golfo, direcionados tanto para o Projeto de Proteção Costeira quanto para outras iniciativas conexas. Contudo, a quantidade exata destinada exclusivamente ao desenho das comportas ainda não foi claramente definida.
Quando o Congresso e o Presidente Joe Biden aprovaram o conceito em 2022, o custo estimado era aproximadamente $35 bilhões. Desde então, o cenário financeiro se agravou: o governo federal liberou apenas $500 mil para um componente menor, enquanto sua contribuição esperada é de $21 bilhões. Ainda mais preocupante, o Corpo de Engenheiros do Exército revisou em 2023 a estimativa para até $57 bilhões, considerando inflação e elevação de custos em diversos setores.
Um cronograma ambicioso que demanda paciência
O projeto não é apenas caro; também é demorado. De acordo com especialistas do Corpo de Engenheiros, a fase de design e engenharia de pré-construção pode levar entre dois a cinco anos. Depois disso, a construção propriamente dita pode se estender por 10 a 15 anos adicionais. Essa realidade coloca a conclusão da obra bem além da próxima década.
“Essa é uma pequena etapa em um processo muito grande, longo e caro no geral, mas é um passo em frente.”
Bob Stokes, presidente da Fundação Galveston Bay
Proteção para uma região vulnerável
A Costa do Golfo do Texas abriga uma população densa, instalações industriais de grande porte e infraestrutura crítica. Cientistas climáticos alertam que os furacões tendem agora a ser mais intensos e frequentes, tornando a proteção costeira não apenas desejável, mas imperativa. O investimento em defesa contra tempestades é apresentado por defensores como uma medida de prevenção cujos custos são substancialmente menores do que os prejuízos causados pela inação.
“Já vimos o que os furacões podem fazer, e o custo da inação é muito maior do que o custo da proteção.”
Porta-voz do Distrito de Proteção da Costa do Golfo
Preocupações ambientais continuam presentes
Nem todos os setores abraçam o projeto com entusiasmo. Grupos de defesa ambiental vêm alertando por anos sobre as possíveis consequências ecológicas de uma barreira gigante atravessando um ecossistema frágil. A restrição do fluxo de água que entra e sai da baía poderia prejudicar aves, tartarugas, peixes e outras espécies, além de danificar ou destruir habitats críticos.
“Os enormes custos e cronograma atrasado do Ike Dike deixaram as comunidades na costa sem a proteção contra tempestades de que precisam. Em vez de jogar mais tempo e dinheiro no Ike Dike, o Distrito deveria redirecionar sua energia para uma abordagem que favoreça proteções em menor escala, implementáveis em um cronograma mais rápido. Com essa estratégia, as comunidades texanas e os ecossistemas sairiam ganhando.”
Kristen Schlemmer, diretora jurídica sênior da Bayou City Waterkeeper
A aprovação dos contratos de design marca um avanço palpável, mas também evidencia os desafios monumentais que o projeto ainda enfrenta. Enquanto isso, a região continua à mercê das tempestades, aguardando soluções que equilibrem proteção eficaz, viabilidade financeira e sustentabilidade ambiental.
Texto elaborado de forma original, com base em informações de agências de notícias e veículos especializados, sem reprodução literal do conteúdo das matérias citadas.
Fonte: https://www.texastribune.org/2025/12/04/texas-gulf-coast-protection-ike-dike-engineering-contracts/
Data original da publicação: 04/12/2025
