O Quênia marcou um momento histórico em sua trajetória energética ao designar a Kenya Electricity Generating Company (KenGen) como proprietária e operadora de sua primeira usina nuclear. A decisão, anunciada pelo Secretário de Energia e Petróleo, Opiyo Wandayi, representa um passo decisivo para diversificar a matriz energética do país africano e atender à crescente demanda por eletricidade. A inauguração dessa nova era nuclear alinha-se com os objetivos do Presidente William Ruto de adicionar 10 gigawatts de capacidade energética nos próximos anos.
Um marco estratégico para o desenvolvimento nacional
A nomeação da KenGen ocorreu durante a assinatura de um Memorando de Entendimento entre a empresa estatal e a Nuclear Power and Energy Agency (NuPEA), estabelecendo um marco regulatório e operacional para o projeto. A estrutura de cooperação criada pelo acordo visa fortalecer a consciência pública, aprimorar o envolvimento de partes interessadas e consolidar as capacidades institucionais necessárias para a implementação bem-sucedida do programa nuclear.
O secretário enfatizou que a decisão de atribuir à KenGen o papel de proprietária-operadora garante que o programa esteja ancorado em forte capacidade técnica, confiança pública e interesse nacional de longo prazo. Wandayi destacou ainda que essa medida faz parte de um esforço mais amplo para posicionar o Quênia como líder energético no continente africano.
Cronograma ambicioso de implementação
A primeira usina nuclear será desenvolvida em etapas, começando com uma capacidade de aproximadamente 2 gigawatts (2.000 megawatts). Posteriormente, o governo planeja expandir essa capacidade para 6 gigawatts, contribuindo significativamente para a meta presidencial de 10 gigawatts adicionais. Os estudos indicam ainda que a usina poderia alcançar uma geração superior a 20.000 megawatts até 2040.
Segundo informações disponíveis, a construção deve iniciar em 2027, com a primeira geração de energia para a rede nacional prevista para 2034. A NuPEA já identificou locais potenciais em três regiões: Kilifi, Kwale e Siaya, sendo Siaya—próxima ao Lago Vitória—atualmente considerada como a localização mais adequada para as primeiras operações.
Experiência técnica consolidada
A KenGen foi selecionada para liderar esse empreendimento devido a sua trajetória comprovada na construção, operação e manutenção de diversas instalações de geração de energia. A empresa acumula experiência com usinas geotérmicas, hidroelétricas, eólicas e solares, demonstrando capacidade técnica e operacional para gerenciar um projeto de tamanha envergadura.
Alfred Agoi, presidente do conselho da KenGen, manifestou confiança na execução do projeto, afirmando que a empresa possui expertise consolidada para enfrentar esse novo desafio. Peter Njenga, diretor-executivo e CEO da KenGen, reforçou que a energia nuclear representa a próxima fronteira para nações que buscam opções de baseload confiáveis, acessíveis e com baixas emissões de carbono.
“KenGen liderou a evolução de energia limpa do Quênia—da hidroeletricidade à energia geotérmica e eólica. A energia nuclear é a próxima fronteira para nações que buscam poder de baseload estável, acessível e de baixo carbono. Nossa parceria com a NuPEA sinaliza nossa disposição de desempenhar um papel central na formação do futuro energético do Quênia, ancorado no crescimento industrial, criação de empregos e competitividade global.”
Peter Njenga, CEO da KenGen
Respondendo à demanda energética crescente
O projeto emerge como resposta crítica aos desafios energéticos do Quênia, que historicamente enfrentou déficits de suprimento. Atualmente, o país precisa importar eletricidade da Etiópia e Uganda para atender à demanda doméstica e industrial. A energia nuclear oferece uma solução de baseload confiável que pode reduzir a dependência de importações e apoiar o crescimento do setor manufatureiro e da economia digital.
A implementação dessa infraestrutura também promete gerar oportunidades significativas de emprego durante as fases de construção, operação e manutenção, contribuindo para o desenvolvimento socioeconômico regional.
Posicionamento no contexto africano
A iniciativa coloca o Quênia à frente de outros países africanos na adoção de energia nuclear em larga escala. O país tem reforçado seu compromisso com a tecnologia nuclear, tendo sediado a primeira Escola SMR da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) na África em maio de 2025. Além disso, está em desenvolvimento o Kenya Nuclear Research Reactor (KNRR), planejado para a Konza Technopolis, que desempenhará papel pivô em educação, produção de isótopos, agricultura e pesquisa industrial até o início da década de 2030.
Texto elaborado de forma original, com base em informações de agências de notícias e veículos especializados, sem reprodução literal do conteúdo das matérias citadas.
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Data original da publicação: 04/12/2025
