Após quase um ano de construção, as obras de acesso ao Quinto Puente, infraestrutura essencial para conectar a zona portuária do sul de Guayaquil aos corredores logísticos do Equador, continuam concentradas na fase de fundação. Apesar do tempo decorrido, os dois primeiros trechos registram avanços de apenas 21% e 13%, enquanto acusações recíprocas entre a Prefectura de Guayas e o Ministério de Infraestrutura e Transportes (MIC) ameaçam paralisar o megaprojeto.
Um projeto estratégico em risco
O Quinto Puente representa uma solução fundamental para a logística equatoriana, prometendo reduzir custos de transporte, diminuir tempos de deslocamento até os portos marítimos do sul e aliviar o congestionamento de carga nos acessos norte, noroeste e sudoeste do principal porto do país. A obra engloba aproximadamente 23,8 quilômetros de vias de quatro faixas, conectando o sul de Guayaquil aos municípios de Durán, Yaguachi e Naranjal através de uma travessia sobre o rio Guayas.
Até o presente, os trabalhos se limitaram às fases iniciais: escavações, estabilização do solo com material pétreo, instalação de dutos e tubulações de concreto, além da construção de acessos provisórios até a ponte Mojahuevo. Contudo, estruturas críticas como o viaduto sobre o estero Mojahuevo e a ponte sobre o rio Bulubulu ainda não tiveram sequer a colocação de concreto ou as estacas de sustentação.
As acusações da Prefectura: falta de recursos e entraves administrativos
A prefeitura de Guayas, liderada por Marcela Aguiñaga, atribui os atrasos a duas falhas do Governo Nacional: o não cumprimento das transferências financeiras previstas no acordo e a demora na aprovação de cinco relatórios técnicos indispensáveis para o prosseguimento dos trabalhos estruturais.
Segundo dados da administração provincial, dos 120 milhões de dólares prometidos pelo Governo, apenas 35 milhões chegaram em 2024 como adiantamento. Deste valor, 25 milhões foram repassados à construtora como antecipação para iniciar as atividades. Porém, as faturas em aberto relacionadas aos serviços executados ao longo de 2025 superam 15 milhões de dólares. O investimento total realizado ultrapassou 41 milhões, excedendo em 6 milhões o que foi transferido pelo MIC em 2024.
“As obras já foram comprovadas pelo Viceministro em outubro passado e ele ficou de agilizar e responder as viabilidades técnicas pendentes, mas não temos resposta.”
— José Tenelema, coordenador de Infraestrutura da Prefectura
O governo provincial esperava receber 51 milhões de dólares em 2025 e 32 milhões em 2026, conforme previsto no acordo. Os cinco relatórios técnicos não aprovados envolvem questões críticas: fundação de pontes, realocação de postes de eletricidade, desenho de drenagem, utilização de pré-carregamento no projeto viário e validação de materiais importados. Sem estas aprovações, é impossível avançar para as fases estruturais da obra, o que ocasionou atrasos desde junho passado.
A posição do Ministério: questionamentos sobre eficiência
O ministro de Infraestrutura e Transportes, Roberto Luque, contestou a necessidade de novos desembolsos. Segundo ele, os avanços reportados seriam insuficientes para justificar transferências adicionais conforme os termos do contrato, que preveem pagamentos proporcionais ao progresso físico das obras.
Embora reconheça um avanço econômico de 19,5 milhões de dólares segundo os relatórios do dia 21 de novembro, o ministério argumenta que este montante “não justifica um novo desembolso”. Ainda assim, a pasta está processando um pagamento de 10 milhões de dólares, “por se tratar de uma obra estratégica”, conforme comunicado.
Luque questionou especificamente a ausência de concreto e estacas de fundação para as duas estruturas pontuais quase um ano após o início dos trabalhos, sugerindo possíveis irregularidades na contratação e acusando a Prefectura de favorecer seu “contratista preferido”.
Histórico de atrasos e a busca por soluções
O Quinto Puente não é novidade. O projeto existe desde 2009 em forma de estudos técnicos e sofreu postergações sucessivas ao longo de quatro gestões governamentais anteriores. A atual impasse entre esferas administrativas ameaça agravar este padrão de atrasos.
Em resposta, Aguiñaga convocou uma mesa técnica para o dia 8 de dezembro de 2025, reunindo equipes de ambas as entidades para esclarecer informes, resolver obstáculos e, se possível, estabelecer um novo cronograma de execução. A reunião marca um esforço final para “superar de maneira urgente os entraves apresentados” e evitar uma possível paralisação completa do megaprojeto.
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Data original da publicação: 03/12/2025
