O projeto de gás natural liquefeito mais ambicioso da Argentina ganha novos impulsos. Horacio Marín, diretor executivo da estatal argentino YPF, confirmou nesta quinta-feira que a empresa espera obter aprovação para o investimento definitivo em um mega empreendimento de US$ 20 bilhões na metade de 2026. A iniciativa, desenvolvida em parceria com a petrolífera italiana Eni e a divisão XRG da Adnoc (empresa de energia dos Emirados Árabes Unidos), representa um passo fundamental para transformar a Argentina em exportadora de gás natural liquefeito em escala global.
Estrutura do projeto e parceiros estratégicos
O projeto Argentina LNG é concebido como um empreendimento integrado de grande porte, abrangendo toda a cadeia de desenvolvimento do gás natural liquefeito, desde a produção na maior reserva não convencional do mundo — o campo de Vaca Muerta — até sua liquefação e comercialização internacional. A primeira fase, alvo da decisão de investimento prevista para meados de 2026, terá capacidade de produção de 12 milhões de toneladas por ano, operacionalizada através de duas unidades flutuantes de liquefação (FLNG), cada uma com 6 milhões de toneladas anuais de capacidade.
A estrutura societária do projeto prevê que YPF, Eni e XRG mantenham posições equitativas aproximadamente iguais no empreendimento. Cada uma das parceiras colocará conhecimento especializado na mesa: a YPF contribui com sua expertise em operações de produção upstream, enquanto Eni traz sua experiência comprovada no desenvolvimento acelerado de projetos com tecnologia FLNG, e a XRG agrega capital e experiência de seu portfólio energético diversificado.
Cronograma de execução e metas de produção
Segundo Marín, as exportações da fase de 12 milhões de toneladas anuais devem ter início entre 2030 e 2031, aproximadamente quatro anos após a aprovação final do investimento. A visão mais ampla do executivo é elevar a produção total do projeto a 18 milhões de toneladas por ano, considerando os segmentos sob liderança da YPF. Para financiar esta primeira fase, a empresa planeja engajar o banco JP Morgan no início de 2026 com objetivo de captar recursos junto ao mercado. Projetos dessa magnitude tipicamente recebem financiamento externo equivalente a 70% ou 80% dos custos totais.
A meta de crescimento projeta possibilidade de chegarem a 30 milhões de toneladas anuais quando todas as fases estiverem operacionais. Tal expansão incluiria outras iniciativas que estão sendo desenvolvidas simultaneamente com diferentes parcerias internacionais.
Saída da Shell e busca por novo parceiro
A trajetória do projeto recebeu um revés quando a multinacional Shell comunicou sua decisão de se desligar de um segmento do empreendimento. A empresa anglo-holandesa, que havia assinado acordo com a YPF em dezembro de 2024 para desenvolvimento de uma fase inicial, citou mudanças significativas no escopo do projeto como razão para sua retirada. A etapa originally prevista para 12 milhões de toneladas anuais foi redimensionada para 6 milhões de toneladas, alterando substantivamente a proposta original.
A YPF busca ativamente identificar um novo parceiro para substituir a Shell neste segmento reduzido, mantendo a continuidade do desenvolvimento. Os executivos indicam prioridade para a fase envolvendo Eni e XRG, considerada mais robusta em sua estrutura atual.
Competitividade e posicionamento no mercado global
Marín avaliou as premissas do projeto utilizando como referência os preços atuais de GNL nos mercados asiáticos. Segundo sua análise, o gás liquefeito argentino apresenta melhor competitividade quando comparado às exportações norte-americanas destinadas à Ásia, embora seja menos competitivo frente aos volumes americanos direcionados para Europa. Tal posicionamento reforça a estratégia de direcionamento das exportações prioritariamente aos mercados asiáticos, tradicionalmente receptivos e pagadores de prêmios para fornecedores que conseguem oferecer volumes confiáveis e competitivos.
A viabilidade do projeto também considera a vantagem geográfica da Argentina, com rotas de transporte marítimo mais curtas para os principais centros consumidores asiáticos, reduzindo tempos de trânsito e custos logísticos comparativamente a fornecedores localizados no Hemisfério Norte.
Perspectivas de retorno e distribuição de dividendos
O executivo também sinalizou perspectivas otimistas para acionistas da YPF. Marín indicou que a empresa poderá iniciar a distribuição de dividendos em 2028 ou 2029, condicionado aos patamares de preços nos mercados de óleo e gás. Tal timeline alinha-se com o progresso esperado do projeto durante a fase de construção e ramp-up das operações.
Contexto estratégico e importância geopolítica
O projeto Argentina LNG emerge em contexto de crescente interesse internacional por diversificação de fontes de suprimento de energia. A iniciativa alinha-se com objetivos de segurança energética global e permite que Argentina monetize suas volumosas reservas de gás não convencional. Para a economia argentina, o projeto representa oportunidade significativa de geração de divisas estrangeiras e consolidação do país como player relevante no comércio internacional de energia, particularmente importante em cenário de demanda energética crescente nos mercados emergentes.
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Fontes:
Data original da publicação: 04/12/2025
